O cantor e compositor Cayo Real une resiliência, força e superação em seu novo single “Com a Lírica”, que já está disponível em todas as plataformas digitais. A canção chega como um manifesto de força, aceitação e coletividade, transformando dor em potência e a palavra em instrumento de cura. O som vem acompanhado de um videoclipe no YouTube e dirigido por Tatiana Accioly (Tata Ogan).
A música ressignifica o sangue que muitas vezes é associado à dor como símbolo de vida, amor e energia vital. É um convite para enfrentar batalhas de cabeça erguida, sem negar o sofrimento, mas entendendo que ele tem começo e fim. Ao mesmo tempo, fala sobre coletividade: reconhecer a sua rede de apoio, procurar elos mais fortes na força da sua palavra e arte para com os outros e consigo mesmo. É sobre enfrentar medos e opressões, mas também enxergar a potência dentro de si e nas relações que escolhemos construir, nas famílias que criamos e nos lugares onde recarregamos nossas forças.
“Quero que cada pessoa ouvinte mergulhe em suas lembranças sem carregar vergonha ou culpa. Minha intenção é que essa música seja um estímulo para transformar experiências dolorosas em coragem e vitalidade”, completa Cayo.
A inspiração para “Com a Lírica” surgiu de uma experiência pessoal dolorosa. Um episódio de homofobia, onde Cayo Real foi chamado de “qualira”, termo pejorativo de origem maranhense contra homens afeminados e homossexuais, o transportou de volta às dores da infância. “Foi como reviver a dor pela primeira vez. Eu não sabia o que significava mas eu conseguia sentir o peso e a energia que ele queria me fazer sentir quando entregou ela pra mim”, conta.
Ao pesquisar a origem da palavra, ligada à figura de um homem afeminado que tocava lira em carnavais de rua em São Luís, Cayo Real decidiu ressignificar a expressão, transformando-a em força criativa. “Na canção, eu falo sobre tomar o protagonismo, sobre a força de estar em cena e transformar a violência em potência criativa. A minha lírica é a minha arma e a minha cura: capaz de formar famílias, ressignificar dores e costurar novas histórias”, reflete.
Com este single, Cayo Real deseja transmitir uma mensagem universal de aceitação, coletividade, amor e resiliência. A intenção é que o público revisite suas memórias sem vergonha, sem romantizar a violência, mas também sem se culpar por ela. “A ideia é que cada um consiga revisitar essas lembranças para retirar delas mais força, mais coragem para enfrentar narrativas que adoecem a nossa população. Que essa música seja um estímulo para encarar os próprios demônios, internos e externos, e uma fonte de energia para seguir em frente, transformando a dor em potência e assumindo o controle da própria história”, afirma o cantor.
Para o artista, a sonoridade do som é épica e cinematográfica, concebida para ser um verdadeiro hino. A faixa mergulha em guitarras marcantes e samples de violino invertido, complementados por suspiros e choros que intensificam o drama proposto por Cayo Real e Leyblack. O resultado é uma experiência imersiva, projetada para conduzir o ouvinte a uma viagem interna, despertando vibrações e memórias pessoais. A música transita fluidamente entre o R&B, o pop e a balada, incorporando uma rica mistura de elementos. A inspiração para essa sonoridade única veio, em parte, do álbum In The Zone de Britney Spears, especialmente da faixa “Touch of My Hand”, que explora sons invertidos e texturas orientais, impulsionando Cayo Real a criar algo ousado e experimental.
Videoclipe
O lançamento de “Com a Lírica” está acompanhado de um videoclipe forte, dirigido por Tatiana Accioly (Tata Ogan). O audiovisual é uma experiência pessoal e intensa, onde o corpo de Cayo Real aparece ferido, simbolizando a dor e a violência sofridas, mas sem expor o agressor. As marcas e o sangue escorrendo representam as cicatrizes que carregamos.
No decorrer do vídeo, figuras de cura emergem: Kohama e Marcela. Marcela, mulher trans, preta e periférica, simboliza o resgate ao costurar o fio da vida nas costas do protagonista. Kohama, por sua vez, unge a pele com barro, criando uma armadura, um gesto que dialoga com o trabalho da artista visual Ruth e simboliza ancestralidade, resgate e reconexão. Ser transformado em uma “obra de barro” representa o recebimento de uma carapaça de força e proteção.
O clipe explora a dualidade do sangue, permitindo que cada espectador tire sua própria interpretação. “Para mim, foi emocionante gravar, porque precisei acessar memórias e energias dolorosas, a fim de ser fiel à mensagem da música e honrar a narrativa que queria construir”, finaliza Cayo.