O Latin Music Brasil conversou com a cantora Kany García sobre o lançamento do clipe da música DPM (De Pxta Madre), parceria com o cantor Gusttavo Lima, turnê nos Estados Unidos e claro, os fãs brasileiros. A entrevista completa você pode conferir em nosso canal do YouTube:
LM: Como foi a produção da música?
KG: Para mim, produzir DPM foi uma coisa muito “orgânica” porque realmente tudo começou com a gente se sentar e falar sobre relações tóxicas, das pessoas, das decisões pessoais, de estar onde realmente se sente feliz e quando alguém não “soma”, ter a coragem de dizer “já deu”. E assim começamos, com um violão, simplesmente começamos a fazer o ritmo e esse mesmo violão é o que está na produção, em torno dela que começamos a criar uma produção com todos os elementos que davam graça ao que estava acontecendo, mas é uma música que, se tem algo que eu gosto nela, é que a quantidade de fatores que a fazem… acredito que para dedicar a qualquer pessoa da nossa história de vida, são coisas que valorizam muito DPM.
LM: Como foi fazer uma música depois de tanto tempo, por causa da pandemia?
KG: Eu diria que desde janeiro tem sido um desafio maior sentar e escrever, porque acredito que antes da pandemia, quando você está viajando, vivendo, na estrada, tudo é mais fácil, está sobrecarregada de estampas, de vidas que te inspiram a fazer músicas, ou seja, desde janeiro esse confinamento era demais, me tomou bastante tempo criar este álbum que sai no próximo ano e comecei a fazer músicas de pouquinho em pouquinho e também aproveitei o processo. Então, DPM é uma das oito ou nove músicas que vão ter no álbum e decidi lançá-la porque queria um dos desafios mais grandes do álbum era fazer músicas que me deixavam animada, e DPM desde que dava play, desde que escrevi, sempre que escutava, ficava de bom humor, mesmo sem escutar minha voz, sem saber o que estava dizendo, é uma música que tem o poder de te colocar “pra cima”. Acredito que estamos vivendo tempos complexos para fazer músicas que nos levam à melancolia, a dor, tem que ser o contrário. Músicas que nos lembram que coisas nos deixam DPM, e acredito que uma dessas coisas é colocar nós mesmos em primeiro lugar.
LM: Como você chegou ao título “De Pxta Madre”?
KG: Se eu te contar que foi porque rimou e na hora eu falei sem pensar! [canta um trecho] e eu respondi: DPM… E começamos a rir! Eu falei: “Não, é uma brincadeira, vamos colocar uma palavra aqui”. E todo mundo: “Não, deixa assim!”. Eu fiquei rindo, porque falei que mudaríamos isso mais pra frente, mas nunca encontramos uma palavra que descrevesse melhor. Acredito que os países que não usam a expressão habitualmente entendem perfeitamente o que quer dizer, que é “tem sido espetacular, tem sido muito bom”, mas DPM é algo que sai de outro lugar, sai de dentro, sai de um estado de espírito de libertação, sai de um estado de espírito de decisão pessoal, de querer apostar em você, estar bem, estar nos lugares em que as pessoas te apreciem e cuidem de você.
LM: Você gravou em Miami, certo?
KG: Gravei em Miami. Vai fazer vários anos que vivo em Miami, mas ainda vou muito a Porto Rico e vivo dos “dois lados”, mas sim, gravei aqui porque tinha muita vontade de compor com outras pessoas. Assim que me planejei, foi uma semana escrevendo com outros compositores e tinha vontade de me deixar afetar pelo mundo deles e pela maneira de ver e pensar, sentar e ter contato com as pessoas. Aproveitei muito essa semana, essa foi a primeira música que fiz nessa semana, o primeiro encontro sem saber como seria, e olha, acabou virando DPM!
LM: Você está em turnê nos Estados Unidos?
KG: Estou em turnê nos Estados Unidos e estou muito feliz, porque está me dando a possibilidade de reencontrar pessoas, de ter um pouco de reação da América Latina, me faz poder estar em uma noite com o Brasil, Venezuela, Colômbia, Argentina, Chile, Costa Rica, México, Porto Rico, Cuba… Então, em uma só noite tenho um pouco de tudo! É algo que estou aproveitando muito, mas com uma vontade incrível de poder, no começo de janeiro começar a anunciar o que vou fazer, datas por toda a América Latina e isso me deixa feliz e animada, emocionada, mas aproveitando o agora, o agora que são essas datas nos Estados Unidos, que me fazem ter um pouco de contato com absolutamente todos os países e todos os latinos que vivem aqui.
LM: Vamos falar sobre o Brasil. Você já gravou com o Gusttavo Lima, como foi isso?
KG: Para mim, gravar com o Gusttavo foi uma experiência linda, porque primeiro tive a oportunidade de escrever músicas para Roberto Carlos, de trabalhar com ele, de fazer música para Jennifer Lopez, Alejandro Sanz. E de alguma forma comecei a pensar em fazer alguma coisa com brasileiros e isso sempre me encantou, no meio da pandemia fiz essa coisa doida de falar: “Vou entrar em contato com essa pessoa que eu nem conheço, nem sei se fala espanhol e ver o que acontece, se disser que sim…”, eu queria cantar essa música com ele porque era música que falava da pandemia, do que estávamos vivendo, que era viver em casal, em sua casa, com seus filhos e sua esposa. Eu aqui igual, dizendo “que os dias passem, que queiram estar comigo”. E queria cantar com alguém que também estivesse vivendo uma realidade similar a minha, eu o convidei, e para minha surpresa ele disse que sim, gravou da casa dele, do estúdio na casa dele, me enviou a voz dele… Foi lindo poder, quando chegou, aproveitar o que eu havia feito e logo ir acompanhando como essa música cresceu no Brasil, o único, poder aproveitar o sucesso Logo virão momentos em que poderemos fazer isso, tomara. E bom, podemos continuar fazendo coisas com outros brasileiros.
LM: Você gostaria de gravar com outro artista brasileiro?
KG: Claro! Tem muita gente que eu gosto! Eu gosto muito de Natiruts, gosto muito do trabalho deles e me parece música que tenho como sempre “presente”, cresci aprendendo músicas do Caetano desde pequena, muita gente que eu admiro e que eu gostaria… E vai continuar surgindo nome de gente que… É que o Brasil é um país tão grande, cheio de talentos, que acredito que seria tão bem-vinda para o que fazem nos shows, cantar essa música com o Gusttavo em pessoa, da mão dele, conhecer um pouco mais de um país que também me faz falta conhecer um pouco mais …
LM: Você pensa em fazer um show no Brasil?
KG: Claro, com certeza! A ideia é esperar que os países se alinhem com essa história da vacina e que todos fiquem um pouco mais tranquilos. Definitivamente, tenho que fazer uma primeira visita ao Brasil para que as pessoas conheçam um pouco mais do que foram todos esses anos de música, de reconexão, e claramente isso vai criar laços não só para fazer shows, mas também para continuar fazendo duetos com gente que acredita em raízes e que nos provem que a cada ano podemos visitar o Brasil.
LM: Você pode mandar uma mensagem para o Latin Music Brasil e para os fãs brasileiros?
KG: Amigos e amigas do Latin Music Brasil, lhes mando um beijo gigante, obrigada pelo carinho, pelo apoio de sempre, espero que esse tempo que nos resta, seja DPM para a gente!
Entrevista: Giovana Sobral